Dário Teixeira Cotrim
Diante do belíssimo prefácio de Luiz de Paula Ferreira, sobre o livro Grotão, do acadêmico João Valle Maurício, fiquei temeroso em comentar a sua obra como sempre faço com os livros que leio. Entretanto, por uma obstinação excessiva da minha vontade preferir não me calar diante daquilo que eu desejava. Então, li atentamente e gostei da coletânea de contos do livro Grotão. Confesso que o talento do nosso saudoso confrade Maurício, como comediante da vida real, era simplesmente impecável. Não tive intenção de pesquisar tendências ou as falhas de estética literária, apenas preocupei-me em saborear a beleza contida em cada conto de sua obra. Os seus textos de fácil leitura e a sua facilidade em provocar situações inusitadas são objetos de cobiça de muitos de nós. Maurício foi professor universitário, historiador e homem das letras. Era um dos melhores papos da cidade assim como foi o nosso confrade da academia, o coronel Georgino Jorge de Souza. Maurício contava histórias de sua terra até mesmo àquelas historietas mais simples dos personagens e das personalidades do passado e do presente e sempre carregadas de humor no seu melhor estilo.
Neste livro, o autor reuniu dezenove contos, quase todos no gênero apólogo e de saudosas lembranças. Parece-nos desnecessário ressaltar, mas os contos aqui são escritos em tom bastante lírico. Alguns casos como Grotão, por exemplo, e que deu título ao livro, são todos de natureza sentimental onde o autor descreve sobre a esperança, os sonhos e os sofrimentos. Vejamos: “Quando Tereza anda, a tentação balança, soltinho dentro da blusa. O coração de Macário balança, solto dentro do peito”. Podemos, entretanto, enumerar outros aspectos relativos à obra: “a galeria de personagens [que] é numerosa e extremamente viva. Habitantes da cidade, de todas as categorias profissionais não são esquecidos. A linguagem do lugar também está presente. E os costumes municipais não são olvidados”. Maurício tinha uma imaginação prodigiosa!
Muitos dos casos contados no livro Grotão, confundiram-se com as saudosas lembranças de minha doce infância. Aliás, a exemplo disso eu me vi a bordo do maria-fumaça, fato que aconteceu no ano de 1962, quando pela primeira vez percorri os trilhos da estrada de ferro de Monte Azul a procura da cidade de Montes Claros. Noutro momento mágico “O Circo de Antigamente” veio bulir com os meus verdes anos, despertando em mim a fantasia de ser criança nos seguintes versos: “-Hoje tem marmelada?/ -Tem sim senhor!/ -Hoje tem goiabada?/ -Tem sim senhor!/ -E o palhaço o que é?/ -É ladrão de muié!/ -Olha a negra na janela!/ -Óia ela – Óia ela/ -Com cara de panela./ - Óia ela – Óia ela...”. É quase impossível para o leitor não se deixar arrebatar imediatamente pelos contos de João Valle Maurício.
Além de poeta Maurício foi contista, cronista e dos bons. Uma celebridade nas letras, um excelente contador de causos. Os seus artigos sempre saíam nas páginas dos primeiros hebdomadários montes-clarenses e, depois disso, continuavam a ser publicados nos principais jornais de cidade. Disse-nos o ilustre Luiz de Paula Ferreira, no seu excelente prefácio para Grotão, que a suavidade da escrita do Maurício era uma característica sempre marcante. Nota-se – disse ele – que Grotão não pode ser classificado como uma obra regionalista. Pois ela é, na maioria de suas páginas, localista, diríamos, quase bairrista, alçando-se nas demais a amplidões sem medida. É quase por inteiro o livro de um pedaço do passado. Certamente não sabemos qual de seus contos é o melhor. Em resumo: Grotão é um livro excelente.
Na bibliografia de João Valle Maurício, um dos mais ilustres representantes da literatura montes-clarenses, consta a publicação dos seguintes livros: Grotão (contos) pela Livraria Itatiaia no ano de 1962; Taipoca (contos) pela Editora Itatiaia no ano de 1974; Rua do Vai Quem Quer (contos) – 1ª edição (contos) pela Editora Comunicação; Pássaro na Tempestade (contos), pela Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1982; Rua do Vai Quem Quer (contos) – 2ª edição, pelo Armazém de Idéias, 1992; Janela do Sobrado: Memórias. 1ª edição. Editora Arapuim; Beco da Vaca, Editora Arapuim, 1999 e Janela do Sobrado: Memórias. 2ª edição. Unimontes. 2007.
Diante do belíssimo prefácio de Luiz de Paula Ferreira, sobre o livro Grotão, do acadêmico João Valle Maurício, fiquei temeroso em comentar a sua obra como sempre faço com os livros que leio. Entretanto, por uma obstinação excessiva da minha vontade preferir não me calar diante daquilo que eu desejava. Então, li atentamente e gostei da coletânea de contos do livro Grotão. Confesso que o talento do nosso saudoso confrade Maurício, como comediante da vida real, era simplesmente impecável. Não tive intenção de pesquisar tendências ou as falhas de estética literária, apenas preocupei-me em saborear a beleza contida em cada conto de sua obra. Os seus textos de fácil leitura e a sua facilidade em provocar situações inusitadas são objetos de cobiça de muitos de nós. Maurício foi professor universitário, historiador e homem das letras. Era um dos melhores papos da cidade assim como foi o nosso confrade da academia, o coronel Georgino Jorge de Souza. Maurício contava histórias de sua terra até mesmo àquelas historietas mais simples dos personagens e das personalidades do passado e do presente e sempre carregadas de humor no seu melhor estilo.
Neste livro, o autor reuniu dezenove contos, quase todos no gênero apólogo e de saudosas lembranças. Parece-nos desnecessário ressaltar, mas os contos aqui são escritos em tom bastante lírico. Alguns casos como Grotão, por exemplo, e que deu título ao livro, são todos de natureza sentimental onde o autor descreve sobre a esperança, os sonhos e os sofrimentos. Vejamos: “Quando Tereza anda, a tentação balança, soltinho dentro da blusa. O coração de Macário balança, solto dentro do peito”. Podemos, entretanto, enumerar outros aspectos relativos à obra: “a galeria de personagens [que] é numerosa e extremamente viva. Habitantes da cidade, de todas as categorias profissionais não são esquecidos. A linguagem do lugar também está presente. E os costumes municipais não são olvidados”. Maurício tinha uma imaginação prodigiosa!
Muitos dos casos contados no livro Grotão, confundiram-se com as saudosas lembranças de minha doce infância. Aliás, a exemplo disso eu me vi a bordo do maria-fumaça, fato que aconteceu no ano de 1962, quando pela primeira vez percorri os trilhos da estrada de ferro de Monte Azul a procura da cidade de Montes Claros. Noutro momento mágico “O Circo de Antigamente” veio bulir com os meus verdes anos, despertando em mim a fantasia de ser criança nos seguintes versos: “-Hoje tem marmelada?/ -Tem sim senhor!/ -Hoje tem goiabada?/ -Tem sim senhor!/ -E o palhaço o que é?/ -É ladrão de muié!/ -Olha a negra na janela!/ -Óia ela – Óia ela/ -Com cara de panela./ - Óia ela – Óia ela...”. É quase impossível para o leitor não se deixar arrebatar imediatamente pelos contos de João Valle Maurício.
Além de poeta Maurício foi contista, cronista e dos bons. Uma celebridade nas letras, um excelente contador de causos. Os seus artigos sempre saíam nas páginas dos primeiros hebdomadários montes-clarenses e, depois disso, continuavam a ser publicados nos principais jornais de cidade. Disse-nos o ilustre Luiz de Paula Ferreira, no seu excelente prefácio para Grotão, que a suavidade da escrita do Maurício era uma característica sempre marcante. Nota-se – disse ele – que Grotão não pode ser classificado como uma obra regionalista. Pois ela é, na maioria de suas páginas, localista, diríamos, quase bairrista, alçando-se nas demais a amplidões sem medida. É quase por inteiro o livro de um pedaço do passado. Certamente não sabemos qual de seus contos é o melhor. Em resumo: Grotão é um livro excelente.
Na bibliografia de João Valle Maurício, um dos mais ilustres representantes da literatura montes-clarenses, consta a publicação dos seguintes livros: Grotão (contos) pela Livraria Itatiaia no ano de 1962; Taipoca (contos) pela Editora Itatiaia no ano de 1974; Rua do Vai Quem Quer (contos) – 1ª edição (contos) pela Editora Comunicação; Pássaro na Tempestade (contos), pela Imprensa Oficial de Minas Gerais, 1982; Rua do Vai Quem Quer (contos) – 2ª edição, pelo Armazém de Idéias, 1992; Janela do Sobrado: Memórias. 1ª edição. Editora Arapuim; Beco da Vaca, Editora Arapuim, 1999 e Janela do Sobrado: Memórias. 2ª edição. Unimontes. 2007.
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