sexta-feira, 31 de julho de 2009

CACHOEIRA DE EMOÇÕES


Dário Teixeira Cotrim

Todos nós temos os nossos limites. Mas, existem aqueles que superam os seus próprios limites. Vera Lúcia Veríssimo de Souza faz parte desse grupo de pessoas que superam limites. E foi assim que surgiu o livro de poesias Cachoeira de Emoções, onde a autora imprime ao longo de suas páginas as suas tristezas e as suas alegrias, as suas dores e os seus amores, as suas aflições e as suas esperanças. Nota-se que o livro tem uma mistura de versos/prosas ou prosas/versos que permite aos leitores uma viagem sem turbulências pelo imaginário da autora. É um rememorar de fatos adormecidos que renascem para o conforto de nossas almas. É, também, uma porção de saudades que leva-nos a quilômetros de distância a todo o momento. Na lembrança de um passado recente ela entende agora porque que a juventude foi sempre patética, de desencontros, de mal-entendidos e de sentimentos confusos.

O livro de poesias de Vera Veríssimo enfrenta simultaneamente dois temas comuns em dois álbuns distintos. O primeiro que fala das emoções de quem ama o amor com muito amor (no álbum dos Poemas) e o segundo que é o amor de uma família (no álbum de Minha Família). Não obstante a esses dois álbuns a autora ainda fala de uma “Montes Claros Imaginária”. Vejamos aqui: “Montes Claros... você era menina, com as suas brincadeiras, cipózinho queimado, cantigas de roda...”.

A grande literatura montes-clarense possui algumas obras de reconhecido valor literário, mas sem conter nas suas páginas a essência familiar. Cachoeira de Emoções não é uma obra-prima, certamente que não, mas é um livro belíssimo, onde os valores éticos estão presentes e a razão da emoção mais presente ainda. A poesia de Vera Veríssimo pode às vezes parecer-nos ingênua, sem essa febre avassaladora dos tempos modernos; sem essa força dominadora que arrebata a natureza para o caos e, sem essa pungência em deixar o fluir e o refluir dos sentimentos animadores de cada um de nós.

No poema “Olá Moreno” há todo o encanto poético de uma bela canção. Diz assim, sem pestanejar, a autora: “Olá moreno, dos olhos encantadores/ deixa eu te beijar e sentir o teu calor. / o teu sorriso é mesmo uma doçura/ por ti moreno, cometo uma loucura/ deixa eu te beijar, adormecer em teus braços e sonhar de felicidade por te amar”. Diz ainda a autora que na imaginação a gente pode pôr o mundo na palma da mão. É verdade. Sempre no momento em que a poesia se aguça nas contradições

Após esta ligeira análise do livro Cachoeira de Emoções, cabe-nos agora integrar a poesia e a prosa na construção de um sonho eterno. O processo literário da autora Vera Veríssimo tem a sua origem, especialmente no conceito de sua obra e no respeito de seus limites. Daí nós deduzimos que a nossa responsabilidade no lidar com as letras é bem mais complexa do que imaginamos. Em vista disso, a autora de Cachoeira de Emoções nos dá uma lição de humildade e determinação na busca e na recusa de nossa identidade.

Vera Lúcia Veríssimo de Souza é natural de Montes Claros. Filha de Valdir Veríssimo da Silva e de dona Cipriana Celestina de Souza, foi professora rural e sempre marcou presença nos eventos do Psiu Poético tendo, inclusive, participado de várias antologias. O trabalho literário da poetisa Vera Veríssimo, no qual ela labutou longos anos, está sendo elogiado pela crítica. O carinho dos amigos e de seus familiares lhe alimenta ainda mais a ânsia de criar poemas, de descobrir a vida, de realizar sonhos e de enfrentar os problemas do mundo na superação de seus limites. Alias, os limites existem somente para serem superados.

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