sábado, 1 de agosto de 2009

CARGA PESADA


Dário Teixeira Cotrim

Não conheço o escritor Biancart José Monteiro. Mas, já ouvi falar muito dele e de sua obra também. Agora, com a leitura do seu livro Carga Pesada eu tenho uma certeza: Biancart é um talentoso contador de causos. É “aquele jovem simpático, sempre alegre, dono de uma conversa inteligente, bem humorada, salpicada de pequenas e joviais ironias”. Como expende com uma imensa alegria o apresentador da obra, o ilustre janaubense - gorutubano - Raimundo Brandão. Nota-se que, o que se destaca na sua obra não é tão somente a leveza das palavras, mas também a beleza das estórias, não é apenas o estilo humorístico das crônicas, mas a irradiação do seu gênio crítico. O livro de Biancart não encontra melhor definição do humor senão pelo humor das palavras ali proseadas.

O livro Carga Pesada também traz prefácio do renomado historiador Daniel Antunes Junior, ele que é um dos melhores prefaciadores que eu li ultimamente. Disse-nos com muita propriedade o confrade Daniel que o livro Carga Pesada trata de “uma pequenina e interessante coletânea de short-stories escrito num linguajar próprio e desabusado do autor”. Ora, pois bem, tem razão o nosso confrade Daniel na sua afirmativa lógica e coerente com a presente obra. O riso desprendido a cada final de uma crônica alimenta a nossa curiosidade para a crônica seguinte. Não há como parar a leitura. Aliás, parece que o tempo é que pára diante a nossa investida na degustação saborosa da escrita de Biancart. O seu estilo lembra-nos o saudoso acadêmico Jose Prudêncio de Macedo na sátira, João Valle Maurício nas reminiscências e o jovem cronista Itamaury Teles com o seu humor bem comportado.

É inegável que essa mania que temos em ler os autores montes-clarense e, também, os autores da região norte-mineira, sempre nos leva ao encontro de jóias literárias como esta. Ao iniciarmos a leitura do livro Carga Pesada, notamos que não arredaríamos o pé do lugar antes mesmo de completar a leitura da última página da coletânea de crônicas de Biancart. São causos curtos, são curtos e repletos de humor e de ensinamentos. É preciso salientar, porém, que o livro é na verdade um convite para que os leitores façam um passeio pelo tempo pretérito e, que eles possam recordar as suas reminiscências de outrora. Ainda, assim, é possível assinalar alguns traços relevantes da escrita de Carga Pesada. Ele é engraçado pela inspiração; ele é completo pelo tema; ele é bonito pelo estilo e pela moderna forma de expressão utilizada aqui em exaustão pelo autor.

Ora, a maior lição que se pode tirar da obra literária desse ilustre baiano de Bom Jesus da Lapa, em que revela o grande talento do escritor, é aquela inerente à plasticidade do viver. Em geral, são os livros os verdadeiros instrutores da vida. Nota-se, entretanto, que essa conclusão não é destituída de significação. Carga Pesada foi uma publicação ainda do tempo dos caracteres tipográficos. O livro era composto letra por letra, tudo manual para se formar um bloco de página. Não obstante todas as dificuldades existentes, podemos dizer que não há um erro sequer no conjunto das palavras. As ilustrações são de Biancart José Monteiro Junior, e elas retratam com fidelidade a imaginação artística e literária do autor. O livro ainda traz o selo da Gráfica Polígono (1985), hoje a atual Editora e Gráfica Millennium. Enfim, o livro de causos de Biancart mostra que o verniz cultural norte-mineiro, ao longo dos anos, é uma camada tão sólida que nunca será, sequer, arranhada ou destruída, muito pelo contrário, será uma película de transparência pública sempre a benefício daqueles que gostam de uma boa leitura. Parabéns Biancart!

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