DÁRIO TEIXERA COTRIM
O poeta Reivaldo Canela é certamente um dos mais importantes intelectuais da cultura montes-clarense. Quem duvidar disso que leia e releia, cuidadosamente, seu empolgante livro de memórias intitulado de Menino Pescador. Mas, é indispensável uma observação: a leitura deste livro deve ser feita com a paciência de um verdadeiro pescador, aquele que mergulha, silenciosamente, o seu anzol em águas cristalinas e tão logo fisgará uma comovente narrativa de um memorialista, alguns textos avulsos do seu cotidiano e uma seleta de lindos poemas.
Qualquer um quererá gostar de uma dessas pescarias. Porém, há momentos em que nada poderá satisfazer o gosto pela vontade determinante de fincar o pé na beirada de um rio até o manifestar-se do dia seguinte. É preciso mais. É preciso viajar nas asas da imaginação poética do autor. E – quem sabe? – não deixar morrer a esperança de fisgar um peixe grande. Todavia, a qualquer momento um puxão de orelha nos retorna à triste realidade dos fatos: agora não há mais peixes em nossos rios, mas tão somente os entulhos das grandes cidades.
Não obstante a esta triste constatação é claro que a leitura ainda prossegue. Desta vez há um doce encantamento que envolve os textos que compõem a segunda parte do livro. São textos curtos e explicativos. O autor nunca se engana no manejo das palavras quando essas significam o que há de mais discreto no seu conteúdo. São como as estrelas que cintilam em um dado momento, mas que nos deixam o brilho quando a imaginação é controlada pela emoção da razão. O grande mérito do livro consiste em apresentar-se numa narração seqüenciada e ordenada, o que passa pela infância do autor e se completa na valorização dos textos literários.
Com a mais alta e a mais profunda emoção, assim nos ilumina o acadêmico Reivaldo Canela com sua arte ambígua, sutil, refinada e reflexiva. O autor explora sem constrangimentos a narrativa detalhista do estilo machadiano. Uma forma real e rápida de transportar o leitor para o âmago dos fatos. Na medida em que a leitura vai fluindo nota-se o emprego das reminiscências. Propositadamente a escrita de Reivaldo Canela dialetiza as distorções entre o pretérito e o futuro procurando superar o paradoxo da condição humana.
Reivaldo Canela inspira-se nesta experiência da escrita e procura fazer a sua narrativa, não a partir da sua consciência, mas da noção do inconsciente. Aqui, neste livro Menino Pescador a narrativa dos textos emana de uma criança adormecida no recôndito das letras. Narrar estórias é buscar o sentido real do pragmatismo dissimulado no TUDO ou no NADA. Narrar estórias é deixar extravasar todo o sentimento que existe na alma do poeta. Reivaldo Canela sabe perfeitamente burilar as palavras no sentido de produzir esta sensação de conforto e de alegria tão necessária ao coração da gente.
No final do livro há um belíssimo bônus poético para os seus leitores. Aqui o poeta Reivaldo Canela transporta para a sua poesia a simplicidade que lhe é peculiar tal como a beleza de que se reveste a sua inspiração. A família Canela transpira poesia por todos os poros. O certo é que a magia das palavras, criada pela caneta-tinteiro de Reivaldo, resulta sempre na criação dos mais belos sonetos.
Recomendo a leitura de Menino Pescador. Gostei muito. Este livro trata-se de uma viagem com paradas obrigatórias em determinadas épocas do tempo. No tempo de buscar o araçá madurinho no mato do cerrado. No tempo do carro de bois perambulando cheio de lenha pelas ruas sem calçamento da nossa cidade. No tempo dos curimatãs, piaus, corvinas, matrichãs, traíras, bagres, mandis e pacomãs. O livro de Reivaldo Canela é, pois, um baú repleto de lembranças e de saudades!
O poeta Reivaldo Canela é certamente um dos mais importantes intelectuais da cultura montes-clarense. Quem duvidar disso que leia e releia, cuidadosamente, seu empolgante livro de memórias intitulado de Menino Pescador. Mas, é indispensável uma observação: a leitura deste livro deve ser feita com a paciência de um verdadeiro pescador, aquele que mergulha, silenciosamente, o seu anzol em águas cristalinas e tão logo fisgará uma comovente narrativa de um memorialista, alguns textos avulsos do seu cotidiano e uma seleta de lindos poemas.
Qualquer um quererá gostar de uma dessas pescarias. Porém, há momentos em que nada poderá satisfazer o gosto pela vontade determinante de fincar o pé na beirada de um rio até o manifestar-se do dia seguinte. É preciso mais. É preciso viajar nas asas da imaginação poética do autor. E – quem sabe? – não deixar morrer a esperança de fisgar um peixe grande. Todavia, a qualquer momento um puxão de orelha nos retorna à triste realidade dos fatos: agora não há mais peixes em nossos rios, mas tão somente os entulhos das grandes cidades.
Não obstante a esta triste constatação é claro que a leitura ainda prossegue. Desta vez há um doce encantamento que envolve os textos que compõem a segunda parte do livro. São textos curtos e explicativos. O autor nunca se engana no manejo das palavras quando essas significam o que há de mais discreto no seu conteúdo. São como as estrelas que cintilam em um dado momento, mas que nos deixam o brilho quando a imaginação é controlada pela emoção da razão. O grande mérito do livro consiste em apresentar-se numa narração seqüenciada e ordenada, o que passa pela infância do autor e se completa na valorização dos textos literários.
Com a mais alta e a mais profunda emoção, assim nos ilumina o acadêmico Reivaldo Canela com sua arte ambígua, sutil, refinada e reflexiva. O autor explora sem constrangimentos a narrativa detalhista do estilo machadiano. Uma forma real e rápida de transportar o leitor para o âmago dos fatos. Na medida em que a leitura vai fluindo nota-se o emprego das reminiscências. Propositadamente a escrita de Reivaldo Canela dialetiza as distorções entre o pretérito e o futuro procurando superar o paradoxo da condição humana.
Reivaldo Canela inspira-se nesta experiência da escrita e procura fazer a sua narrativa, não a partir da sua consciência, mas da noção do inconsciente. Aqui, neste livro Menino Pescador a narrativa dos textos emana de uma criança adormecida no recôndito das letras. Narrar estórias é buscar o sentido real do pragmatismo dissimulado no TUDO ou no NADA. Narrar estórias é deixar extravasar todo o sentimento que existe na alma do poeta. Reivaldo Canela sabe perfeitamente burilar as palavras no sentido de produzir esta sensação de conforto e de alegria tão necessária ao coração da gente.
No final do livro há um belíssimo bônus poético para os seus leitores. Aqui o poeta Reivaldo Canela transporta para a sua poesia a simplicidade que lhe é peculiar tal como a beleza de que se reveste a sua inspiração. A família Canela transpira poesia por todos os poros. O certo é que a magia das palavras, criada pela caneta-tinteiro de Reivaldo, resulta sempre na criação dos mais belos sonetos.
Recomendo a leitura de Menino Pescador. Gostei muito. Este livro trata-se de uma viagem com paradas obrigatórias em determinadas épocas do tempo. No tempo de buscar o araçá madurinho no mato do cerrado. No tempo do carro de bois perambulando cheio de lenha pelas ruas sem calçamento da nossa cidade. No tempo dos curimatãs, piaus, corvinas, matrichãs, traíras, bagres, mandis e pacomãs. O livro de Reivaldo Canela é, pois, um baú repleto de lembranças e de saudades!
Obrigado Dário Teixeira Cotrim, por seu maravilhoso comentário a meu Tio Reivaldo Canela do seu livro, nosso Eterno e Sempre Menino Pescador.
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