sábado, 1 de agosto de 2009

HISTÓRIAS E CRÔNICAS NORTE-MINEIRAS


DÁRIO TEIXERA COTRIM

Os livros de memórias, principalmente aqueles que retratam os primeiros dias da nossa infância, são os meus preferidos. Aqui, temos em nossas mãos o livro Histórias e Crônicas Norte-mineira, do eminente escritor Expedito Veloso Barbosa, recheado de comentários que estão ligados às peripécias infanto-juvenil da vida do autor, e sempre atrelados com as crendices e as sabenças do interior norte-mineiro. São fatos que se revestem de grande importância para o conhecimento de um tempo que agora já se encontra tão distante. Eis porque julgamos interessante anotar as nossas impressões, em cada uma de suas mini-crônicas, de sorte a dar, a quem as ler, uma idéia hilariante e, também, informativa sobre as figuras e os fatos a que se referem. Todavia, durante a leitura de livros de igual teor e gênero é comum ao leitor uma rápida viagem de volta ao tempo em busca de suas reminiscências. Disse-nos com muita propriedade o poeta Alberto de Oliveira que “... a saudade, poeta, é uma ressurreição”.

Nota-se que o livro “Histórias e Crônicas Norte-mineiras” é dividido em dez capítulos cronológicos e está relacionado diretamente com a vida pregressa do autor e de sua família. Decerto Expedito escrevia essas crônicas à medida que se via em situações ambíguas de sua vida. É como se fosse uma via-sacra em busca de uma estabilidade profissional no combate das incertezas por vezes existentes. Aos catorze anos de idade era o nosso Expedito um garoto alegre e travesso assim como todos os garotos daquela época. Entretanto, com a morte prematura de seu pai, vê-se desmoronar os seus sonhos de menino e a travessura dava lugar à necessidade do trabalho.

Não vejo em suas mini-crônicas a influência tanatológica, porquanto a sua escrita é verdadeiramente um canto de exaltação da vida. Ainda assim, aparece a figura humorística do defunto malabarista na contra mão de um empréstimo do Cordão de São Francisco, episódio que é merecedor de uma atenção muito especial por parte dos personagens e dos leitores, evidentemente. Por outro lado, era preciso levar a sério as premonições, principalmente depois que as águas da barragem Sítio Novo romperam rio abaixo.

Na verdade, todo poeta ou escritor, todo líder comunitário ou político de real destaque na sociedade tem direito à sua poliantéia. Assim, o poeta Expedito Veloso Barbosa se salienta nas letras montes-clarenses com a publicação do seu livro Histórias e Crônicas Norte-mineiras. Os textos inseridos são curtos e extremamente convidativos ao prosseguimento da leitura. Pois tem o autor à perspicácia incomum na elaboração de sua escrita, evitando o excesso de parágrafos e, por outro lado, condensando os fatos para se evitar uma possível canseira aos leitores com menos intimidade com os livros. A narrativa de Expedito é coloquial e bastante simples, e tudo que ele escreve é capaz de definir o saudosismo que carrega dentro de si. Portanto, utilizando do medo, das premonições, do sofrimento e do amor como matéria-prima para a elaboração de suas mini-crônicas, ele acaba criando um universo genuinamente particular onde deposita as suas doces lembranças e ainda resgata saudades adormecidas!

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