DÁRIO TEIXEIRA COTRIM
Acabei de ler um livro muito interessante. Um livro-romance intitulado Amor Cigano do escritor Ajax Amaral Tolentino. É verdade que a história ali contada tem as suas delimitações no tempo e no espaço. Pois, dentro do mundo próprio dos ciganos a evocação mítica e mística, a situação sagrada e profana condenam a linda jovem zíngara (Maíza) por apaixonar-se de um moço sem vínculo familiar com o seu povo. Era infringir as leis do grupo. A história ora anacrônica, ora castiça do estilo século dezenove lembra-nos um pouco o livro Manoel de Alencar: amores e dores, do professor Aníbal Albuquerque. No ecletismo dos gostos e na visão crítica do autor aquele comovente romance-cigano quase que impossível deveria tornar-se possível para a seqüência dos fatos. O autor atendeu as prerrogativas do livro.
Referindo-se à imagem burlesca do jovem (Alberto) em Amor Cigano percebe-se que a trama criativa do autor envolve o leitor até o último momento da leitura. A linguagem é simples e suave. Não há sequer as apelações do pornografismo para prender a atenção dos mais afoitos. As palavras, quando repetitivas, apenas intuíam a beleza e a maneira de se inventar situações enigmáticas. Entendeu o autor que a convocação das forças da razão suplantaria algumas deficiências no enredo projetado e, por isso, o romance-cigano fora dividido em três partes distintas. A parte que se antepõe à história da família de onde encontramos as suas raízes. A parte outra ou a parte eqüidistante de seus fatos periféricos a que se trata do romance dos dois jovens. Neste ensejo um acontecimento por pequeno que seja na importância ou na forma, é sempre um momento digno de publicidade como o casamento de Alberto e Maíza. E, finalmente, nos últimos capítulos há um bônus que envolve as reais situações do cotidiano e do sentimental, um grande amor vivenciado por Alberto e Maria, as vítimas de atos pérfidos.
Em todo o livro de Tolentino há o estilo inusitado da narração lacônica em busca do tempo para o aprimoramento dos fatos. É o leitor que ganha com isso tudo. Entretanto, o relacionamento amoroso entre o rapaz e a jovem cigana fazia frente com o comportamento da época. Nota-se que, pela sensação da passagem do tempo houve uma acomodação do autor em sintetizar os desejos amorosos dos seus personagens. Nada do amor erótico é explorado ou exibido pelo romanceador. A beleza estonteante da mulher amada é cultuada com um simbolismo respeitoso para não ferir a moral e nem a honra de quem quer que seja. Não obstante a tudo isso “é estória que surpreende e agrada em cheio”, no dizer do competente crítico literário, o acadêmico Reivaldo Canela.
O Amor Cigano é um romance que tem como cenário ora a cidade de Salvador, onde os ciganos acampavam, vez por outra, em lugares incertos, ora a cidade imaginária de Lisboíta. Aqui lembra-nos Lisboa o nome da metrópole (capital) portuguesa. Além de Lisboíta a tradição portuguesa está sempre presente no livro Amor Cigano, são marcas indeléveis nos nomes de “Domingos Português, filho único de Joaquim Luzitano”. Tolentino é discípulo dos romancistas e seu estrênuo e apaixonado admirador. Vê-se que os leu, que os decorou, que os meditou por muito tempo, e que conseguiu consubstanciá-los no seu talento e na sua imaginação. Na galeria encabeçada por Cyro dos Anjos, Corbiniano Aquino e Amelina Chaves, o autor de Amor Cigano tem cadeira cativa.
Prosseguindo a análise dos parágrafos anteriores, na parte final do livro, o trama policialesco que nasce de um acaso e vai se encontrar com as conseqüências mais desastrosas possíveis, o humor da farsa não é sequer lembrado pelo autor. Pelo enfoque perturbador dos personagens, que não aparece nunca com a realidade momentânea, dir-se-ia que este livro seria cansativo nas suas exposições romanceadas. Mas não o é e, por outro lado, a obra de Tolentino está repleta de novos ensinamentos e virtudes. A principal delas é o conhecimento dos costumes ciganos. Há uma seqüência interessante sobre isto o que culmina na morte (quase um extermínio total) de Olavo e de muitos de seus parentes na humilde cabilda de então. Vem a ponto o dizer-lhes que já tive eu a pascacice de acreditar na existência de ciganos maus, aqueles que trapaceiam, os velhacos e sovinas. Entretanto, o tema cigano deveria ter sido mais bem explorado, até porque poderia mostrar o lado bom dessa gente viandante, que sem dúvidas existe e não foi propagado.
Disse a jovem Ana Karienina: “quem se der ao prazer de iniciar essa leitura vai se perceber completamente envolvido pela trama, que conquista o leitor a cada capítulo”. Disso eu tenho certeza, pois o li num só fôlego.
Referindo-se à imagem burlesca do jovem (Alberto) em Amor Cigano percebe-se que a trama criativa do autor envolve o leitor até o último momento da leitura. A linguagem é simples e suave. Não há sequer as apelações do pornografismo para prender a atenção dos mais afoitos. As palavras, quando repetitivas, apenas intuíam a beleza e a maneira de se inventar situações enigmáticas. Entendeu o autor que a convocação das forças da razão suplantaria algumas deficiências no enredo projetado e, por isso, o romance-cigano fora dividido em três partes distintas. A parte que se antepõe à história da família de onde encontramos as suas raízes. A parte outra ou a parte eqüidistante de seus fatos periféricos a que se trata do romance dos dois jovens. Neste ensejo um acontecimento por pequeno que seja na importância ou na forma, é sempre um momento digno de publicidade como o casamento de Alberto e Maíza. E, finalmente, nos últimos capítulos há um bônus que envolve as reais situações do cotidiano e do sentimental, um grande amor vivenciado por Alberto e Maria, as vítimas de atos pérfidos.
Em todo o livro de Tolentino há o estilo inusitado da narração lacônica em busca do tempo para o aprimoramento dos fatos. É o leitor que ganha com isso tudo. Entretanto, o relacionamento amoroso entre o rapaz e a jovem cigana fazia frente com o comportamento da época. Nota-se que, pela sensação da passagem do tempo houve uma acomodação do autor em sintetizar os desejos amorosos dos seus personagens. Nada do amor erótico é explorado ou exibido pelo romanceador. A beleza estonteante da mulher amada é cultuada com um simbolismo respeitoso para não ferir a moral e nem a honra de quem quer que seja. Não obstante a tudo isso “é estória que surpreende e agrada em cheio”, no dizer do competente crítico literário, o acadêmico Reivaldo Canela.
O Amor Cigano é um romance que tem como cenário ora a cidade de Salvador, onde os ciganos acampavam, vez por outra, em lugares incertos, ora a cidade imaginária de Lisboíta. Aqui lembra-nos Lisboa o nome da metrópole (capital) portuguesa. Além de Lisboíta a tradição portuguesa está sempre presente no livro Amor Cigano, são marcas indeléveis nos nomes de “Domingos Português, filho único de Joaquim Luzitano”. Tolentino é discípulo dos romancistas e seu estrênuo e apaixonado admirador. Vê-se que os leu, que os decorou, que os meditou por muito tempo, e que conseguiu consubstanciá-los no seu talento e na sua imaginação. Na galeria encabeçada por Cyro dos Anjos, Corbiniano Aquino e Amelina Chaves, o autor de Amor Cigano tem cadeira cativa.
Prosseguindo a análise dos parágrafos anteriores, na parte final do livro, o trama policialesco que nasce de um acaso e vai se encontrar com as conseqüências mais desastrosas possíveis, o humor da farsa não é sequer lembrado pelo autor. Pelo enfoque perturbador dos personagens, que não aparece nunca com a realidade momentânea, dir-se-ia que este livro seria cansativo nas suas exposições romanceadas. Mas não o é e, por outro lado, a obra de Tolentino está repleta de novos ensinamentos e virtudes. A principal delas é o conhecimento dos costumes ciganos. Há uma seqüência interessante sobre isto o que culmina na morte (quase um extermínio total) de Olavo e de muitos de seus parentes na humilde cabilda de então. Vem a ponto o dizer-lhes que já tive eu a pascacice de acreditar na existência de ciganos maus, aqueles que trapaceiam, os velhacos e sovinas. Entretanto, o tema cigano deveria ter sido mais bem explorado, até porque poderia mostrar o lado bom dessa gente viandante, que sem dúvidas existe e não foi propagado.
Disse a jovem Ana Karienina: “quem se der ao prazer de iniciar essa leitura vai se perceber completamente envolvido pela trama, que conquista o leitor a cada capítulo”. Disso eu tenho certeza, pois o li num só fôlego.
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