terça-feira, 9 de junho de 2009

TEMPESTADE DO AMOR - João Soares da Silva



DÁRIO TEIXEIRA COTRIM

A verdadeira história literária de Montes Claros ainda continua adormecida. È bem verdade. Pois, em virtude de fatos ocorridos na política local durante o início da década de trinta, Montes Claros perdeu um dos mais completos poetas de todos os tempos: João Soares da Silva, conhecido carinhosamente pela alcunha de João Gordo.
O Poeta João Soares da Silva nasceu na cidade de Montes Claros no dia 22 (vinte e dois) de agosto de 1903. Ele era filho de Luiz Gonçalves da Silva e de dona Gabriela Soares Ferreira. Iniciou os seus estudos de primeiras letras no Grupo Escolar Gonçalves Chaves. O menino João Gordo desde muito cedo demonstrava tendências para a literatura (poesias, teatro e literatura de cordel). Gostava muito de ler poemas dos autores românticos, principalmente os poemas de Casimiro de Abreu, Olavo Bilac, Gonçalves Dias e Castro Alves, conforme atestam essas influências nas suas primeiras produções literárias e, em particular, nos seus livros “Cantilenas”, “Auras Matutinas” e “Tempestade de Amor”. Além da vocação literária, o poeta gostava e prestava a sua colaboração nos jornais da época. Em vista disso, contribuiu com forte determinação na fundação de dois pequenos jornais humorísticos da cidade.
João Soares da Silva ainda foi consultor da União Operária e Patriótica de Montes Claros. Era, pois, um homem de visão política, não obstante a isso ele vivia ainda numa fase de pleno amadurecimento. Como escritor não chegou a publicar os seus livros, mas deixou vários deles encadernados com a família. Na Biblioteca Pública Municipal “Antônio Teixeira de Carvalho” (Doutor Santos) existem cinco exemplares de sua importante produção, são eles: “A Flor Desastrada” (Teatro - 1922); “Lúcio, o Filho do Sertão”, romance de costumes sertanejos, produzido no ano de 1922; “Tempestade de Amor” (Poemas – 1922); “Cantilenas” (Poemas – 1923) e “Auras Matutinas” (Poemas – 1923). Ainda consta na bibliografia montes-clarense a existência de outros livros de sua autoria, que são: “Flores do Campo”, “Páginas Sertanejas”, “Flores Murchas”, “Nas asas do Cupido”, “Alvorecer” e “Violas e Cantadores”. O poeta João Soares da Silva morreu no final da noite do dia 6 de fevereiro de 1930, assassinado durante o lendário tiroteio conhecido por “Tocaia dos Bugres”, em frente da residência de dona Tiburtina Alves.
Não é, talvez, muito fácil não gostar de seus textos. Isso implica na forma utilizada pelo autor que explorou com exaustão o soneto clássico e, também, a rima e a aliteração. Noutro aspecto, sem perder de vista a beleza da forma e do conteúdo, mais fácil ainda é viajar na imaginação de seus versos sem nunca deixar de manifestar o sentido humano das suas palavras. Resumindo os seus escritos numa simples análise literária podemos dizer que o poeta João Soares da Silva tinha um futuro promissor como acadêmico de letras, pois as suas obras atestam este fato com muita autenticidade. Morreu o homem, mas não morreu o poeta. Os seus poemas são tudo que hoje existe para imortalizar o nome de João Soares da Silva e que, certamente, um dia será lembrado com justa justiça pelos nobres confrades da nossa augusta Academia Montesclarense de Letras.
Foi nesta ordem de valores que a Secretaria Municipal de Cultura aprovou a escolha de seus livros para inaugurar o pequeno mostruário de obras raras da Biblioteca Pública Municipal “Antônio Teixeira de Carvalho” (Doutor Santos). Portanto, nesta oportunidade a direção da nossa Biblioteca convida a todos para visitarem o Mostruário Permanente de Livros Raros e apreciarem com imenso orgulho as belíssimas obras literárias de João Soares da Silva.

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