segunda-feira, 8 de junho de 2009

RANCHO SOLITÁRIO - Jason Rodrigues de Moraes


Dário Teixeira Cotrim

Não há quem não goste de ouvir o cantar do berrante (ou corneta de chifre) de Jason Rodrigues de Morais. O poeta da linguagem matuta que PRATA (município de Juramento) deu a Montes Claros, e que já teve a sua consagração com “O Crime do Porta-malas”. É compositor e repentista assim como ele mesmo se define nesta estrofe: “Eu agradeço o pai do céu/ por esta bela inspiração/ por eu ter nascido poeta/ e criado lá no sertão/ compositor e repentista/ para agradar o povão/ e hoje eu vivo na cidade/ com a maior dedicação/ por ter mais oportunidade/ e ter mais capacidade/ pra fazer divulgação”. Jason de Morais, disse a acadêmica Amelina Chaves, é um poeta que nasceu feito, a sua arte é espontânea como o canto do joão-de-barro no sertão agreste. Ele é um operário do repente, um “marroaz” como é chamado pelo poeta Téo Azevedo. O poeta do povão!
Jason Rodrigues de Morais nasceu no dia 23 de julho no município de Juramento. Filho de José (Juca Gomes) Rodrigues Gomes e de dona Maria Rodrigues de Morais. Dentre tantos livros de cordel publicados, destacamos o “Rancho Solitário” por se tratar de uma história de amor, entre os jovens Gabriel e Miguelina, história esta que foi interrompida de forma brusca atendendo a ingratidão reservada aos dois. Ora, pois, a literatura de cordel tem essa característica de relatar tragédias, principalmente nos relatos amorosos. Os versos de Jason de Morais não fogem as regras, ele fala a linguagem do homem do campo, a linguagem que o povo entende a atende. “Entender Jason Rodrigues de Morais, só mesmo lendo seus trabalhos simples, porém de uma profundidade sem tamanho” – disse Josecé Alves dos Santos, e concluiu: “Assim, sendo, uma vez mais vence o poeta, uma vez mais sai vitoriosa a poesia, a única arma que carregam os amantes da paz!”
Não há dúvida, a poesia de Jason de Morais é pura e cristalina, assim como a água de fonte. Ela não tem a obrigatoriedade da redondilha maior – como a versificação de Candido Canela que tanto nos orgulhamos – sem, no entanto, nada prejudicar a notoriedade que enobrece, e muito, a literatura cordelista montes-clarense. Como se vê, a Associação dos Repentistas e Poetas Populares do Norte de Minas guarda em seus umbrais os folhetins dos poetas populares, formando para a posteridade um arquivo histórico e de importância inquestionável, sobre tudo que se produziu em cordel.
Além do livro “Rancho Solitário”, Jason ainda produziu outros excelentes livros do mesmo gênero: “Inspiração de um Poeta”, “Degraus da Vida” – cordel sobre Luiz Tadeu Leite. Além desses, a sua obra prima: “O Crime do Porta-malas”. Neste último livreto, o poeta narra com extrema fidelidade o duplo assassinato dos jovens Fábio Martins e Cláudia Athaíde, crime praticado pelos policiais civis de Montes Claros e que causou muita comoção em toda a sociedade montes-clarense.
História: O nome Literatura de Cordel provém de Portugal e data do século XVII. Esse nome deve-se ao cordel ou barbante em que os livretos ficavam pendurados, em exposição. No Nordeste brasileiro, mantiveram-se o costume e o nome, e os folhetos são expostos à venda pendurados e presos por pregadores de roupa, em barbantes esticados entre duas estacas e fixadas em caixotes.
Portanto, não há quem não goste de ouvir o cantar do berrante (ou corneta de chifre) de Jason Rodrigues de Morais. Embora ele nunca é utilizado para guiar o gado, o seu berrante canta e encanta crianças e adultos. Ah, como é gostoso ouvir o belo som do berrante de Jason, instrumento que é executado com a habilidade de um exímio berranteiro.

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