Dário Teixeira Cotrim
A minha sina de encontrar livros antigos em meio aos sebos, alegrou-me substancialmente, quando localizei o livro de poesias Relicário do poeta espinosense José Cangussú. Foi um achado precioso, até porque não conhecíamos ainda o autor e nem mesmo a sua obra. Relicário foi editado pela Imprensa Oficial de Minas Gerais (Belo Horizonte), no ano de 1929. O livro traz um belíssimo prefácio do ilustre professor universitário, doutor Alberto Deodato, amigo e admirador do autor. Mas, o elo de amizade de Cangussú, com nomes emblemáticos como Patrício Guerra, Antonino da Silva Neves e Antônio Marcelino das Neves, se compõe e fortalece na superexposição do seu prestígio literário perante os acadêmicos norte-mineiros e baianos.
É interessante assinalar que os poemas, principalmente os últimos sonetos do livro, são carregados do sentimento da perda. As dores de não ter mais a presença das pessoas amadas no seu dia a dia, talvez venham justificar os lamentos poéticos do autor que confessa entristecido: “... é bem um relicário e nele guardo religiosamente as saudades do passado e as magoas do presente”. Não obstante a tristeza que invade a alma do poeta, os poemas trazem no seu bojo a fé e a esperança de paz para os dias vindouros. E, ao meu juízo, o livro Relicário alcançou o seu desiderato. Por outro lado, a textualização dos poemas e o estilo literário com forte adjetivação da escrita são bastante heterogêneos, predominando por sua vez a linguagem de versos simples com palavras comuns. A beleza da poesia de José Cangussú encontra-se no dilúculo a que se reporta.
Relicário é uma obra clássica, pois traz uma seleção de sonetos em perfeita sintonia com as regras gramaticais. Relicário é um livro bom, pois “... quando o leitor o lê, como eu o li, com os olhos e o coração não deixará de aplaudir o livro sentido e escrito naqueles remotos sertões, a duzentas léguas do litoral. A minha opinião em assuntos de arte é a de que o que comove é bom e o que não comove é mau. Os seus versos me deram as mais variadas emoções. Logo, eles são bons”. Mas, também, Relicário é um livro triste e doloroso, pois num curtíssimo espaço de tempo o poeta viu falecer as suas filhas Ofélia e Cordélia. Morreram de sarampo, em Espinosa, no mês de dezembro de 1928. Portanto diz o poeta: Dar-me-ia por feliz, talvez, caro leitor, se fosse compreendida a minha grande dor.
Na parte do livro Penumbras, percebemos nitidamente a influência salutar dos poemas de Castro Alves. Em Dilúculos alguns traços de grande Gonçalves Dias. E, em Poentes, a forte presença do romântico Casimiro de Abreu. Tudo isso já é o bastante para entendermos o quanto de intimidade tinha o poeta José Cangussú com os livros de poesias. Escrevia versos porque lia muito os versos dos confrades.
Os versos do livro Relicário, curiosamente, permanecem inéditos e insólitos. O grande público ainda não tem conhecimento de sua dolorosa obra, nem mesmo os espinosenses mais curiosos dela têm ou teve conhecimento. A Academia Montes-clarense de Letras saberá valorizar o trabalho literário deste grande poeta. A cidade de Espinosa também terá motivos de sobra para eternizar o dia 18 de maio, quando toda sociedade se unirá para comemorar os cento e sete anos do nascimento do seu poeta maior. Parabéns Espinosa!
A minha sina de encontrar livros antigos em meio aos sebos, alegrou-me substancialmente, quando localizei o livro de poesias Relicário do poeta espinosense José Cangussú. Foi um achado precioso, até porque não conhecíamos ainda o autor e nem mesmo a sua obra. Relicário foi editado pela Imprensa Oficial de Minas Gerais (Belo Horizonte), no ano de 1929. O livro traz um belíssimo prefácio do ilustre professor universitário, doutor Alberto Deodato, amigo e admirador do autor. Mas, o elo de amizade de Cangussú, com nomes emblemáticos como Patrício Guerra, Antonino da Silva Neves e Antônio Marcelino das Neves, se compõe e fortalece na superexposição do seu prestígio literário perante os acadêmicos norte-mineiros e baianos.
É interessante assinalar que os poemas, principalmente os últimos sonetos do livro, são carregados do sentimento da perda. As dores de não ter mais a presença das pessoas amadas no seu dia a dia, talvez venham justificar os lamentos poéticos do autor que confessa entristecido: “... é bem um relicário e nele guardo religiosamente as saudades do passado e as magoas do presente”. Não obstante a tristeza que invade a alma do poeta, os poemas trazem no seu bojo a fé e a esperança de paz para os dias vindouros. E, ao meu juízo, o livro Relicário alcançou o seu desiderato. Por outro lado, a textualização dos poemas e o estilo literário com forte adjetivação da escrita são bastante heterogêneos, predominando por sua vez a linguagem de versos simples com palavras comuns. A beleza da poesia de José Cangussú encontra-se no dilúculo a que se reporta.
Relicário é uma obra clássica, pois traz uma seleção de sonetos em perfeita sintonia com as regras gramaticais. Relicário é um livro bom, pois “... quando o leitor o lê, como eu o li, com os olhos e o coração não deixará de aplaudir o livro sentido e escrito naqueles remotos sertões, a duzentas léguas do litoral. A minha opinião em assuntos de arte é a de que o que comove é bom e o que não comove é mau. Os seus versos me deram as mais variadas emoções. Logo, eles são bons”. Mas, também, Relicário é um livro triste e doloroso, pois num curtíssimo espaço de tempo o poeta viu falecer as suas filhas Ofélia e Cordélia. Morreram de sarampo, em Espinosa, no mês de dezembro de 1928. Portanto diz o poeta: Dar-me-ia por feliz, talvez, caro leitor, se fosse compreendida a minha grande dor.
Na parte do livro Penumbras, percebemos nitidamente a influência salutar dos poemas de Castro Alves. Em Dilúculos alguns traços de grande Gonçalves Dias. E, em Poentes, a forte presença do romântico Casimiro de Abreu. Tudo isso já é o bastante para entendermos o quanto de intimidade tinha o poeta José Cangussú com os livros de poesias. Escrevia versos porque lia muito os versos dos confrades.
Os versos do livro Relicário, curiosamente, permanecem inéditos e insólitos. O grande público ainda não tem conhecimento de sua dolorosa obra, nem mesmo os espinosenses mais curiosos dela têm ou teve conhecimento. A Academia Montes-clarense de Letras saberá valorizar o trabalho literário deste grande poeta. A cidade de Espinosa também terá motivos de sobra para eternizar o dia 18 de maio, quando toda sociedade se unirá para comemorar os cento e sete anos do nascimento do seu poeta maior. Parabéns Espinosa!
Queria poder ler esse livro do meu bisavô... só conheço uma das poesias dele " a foto da fome"
ResponderExcluirSou neto dele, caro Dário.Até pouco tempo tinha um exemplar do livro, que desapareceu quando mudei de apartamento.
ResponderExcluirMeu pai, José Cangussu Filho, do altar de seus 82 anos, ficou muito feliz e honrado com seu perfeito e objetivo texto.
Obrigado em nome da família.
Francisco Cangussu - Advogado, morador em Campo Grande - MS.