segunda-feira, 8 de junho de 2009

CORPUS - Denise Magalhães



Dário Teixeira Cotrim

Com o advento do Consórcio Literário “Oficina das Letras” nós buscamos nas prateleiras os livros editados nos anos de 1993 a 1996, e encontramos o belíssimo livro CORPUS, de Denise Magalhães. Naquela oportunidade eu dizia que os seus versos me prenderam muito a atenção. Que eu viajei desde as fantasias do poema I (onde senti participante de uma conversa entre amigos que se juntam para relembrar dos tempos de meninice), até as frases sedutoras envolvendo a gente num clima de rara intimidade.
Hoje, relendo o livro de Denise Magalhães posso dizer que ele ainda é e será sempre contido de fortes emoções. Tem palavras simples que fala diretamente ao coração, sem mistérios, sem preconceitos e que voa como uma lânguida libélula. Em verdade Denise Magalhães é uma poetisa do fecundo amor. Não sabemos por que parou de escrever. Ela é sócia fundadora do Consórcio Literário “Oficina das Letras”, de onde publicou o seu belíssimo livro CORPUS com 40 poemas. Além do talento literário o seu livro nos encanta pela beleza dos versos livres e sem regras definidas, mas que definem o amor na sua amplitude.
Um momento de saudosismo nós encontramos no poema XXXIX que se inicia dizendo: “Estas pedras deitadas/ como bois adormecidos/ de minha terra!/ deixaram-me melancolicamente/ com saudade de ti, Minas”. Assim é a poetisa Denise Magalhães. Assim são os seus belos poemas. A concisão, a límpida concisão dos seus poemas fica sempre mais bela aos olhos da inteligência e do coração. A sua estilística é cheia de semitons e de imprevistos encantadores, que faz de sua obra um belíssimo cartão de visita para o amor de caminhos indefinidos. É assim porque a escrita de Denise contém a elegância e o domínio adamantino das palavras.
Outro aspecto interessante da obra de Denise Magalhães é o trabalho artístico de Márcio Leite na concepção da capa. O desenho retrata com fidelidade a escrita. Leite encontrou a espiritualidade nos seus traços, os que embelezam e valorizam a obra literária de nossa confreira. Não fez, de resto, uma simples pintura para a capa de um livro qualquer. Há no desenho de Leite o frescor de vivificantes seivas as que ficam impregnadas no corpo de uma mulher. Era tudo o que Denise desejava e muito mais os seus leitores.
Por outro lado, é verdadeiramente admirável que uma escritora, vivendo no anonimato das academias de letras e peada por toda sorte de dificuldades, produza com isenção de qualquer natureza um maravilho livro com o CORPUS. Pois aqui está a sua alma e o estímulo de viver. Pois aqui está o seu coração e a sua essência de amar. Pois aqui estão: talento, criatividade e inteligência.
A guisa de ilustração, transcrevemos da orelha da quarta capa o que disse o jornalista Luis Carlos Novaes (Peré) sobre a escrita de Denise Magalhães: “O céu parece favorável ao oxigênio, às cores e aos sabores dos poemas de Denise. Neste pedaço do infinito ela faz relatos de amor (sua maior fonte de criatividade). Em CORPUS, mostra que não necessita de uma rosa para acariciar, nem ser estrela do céu para ser notada”. Foi nas palavras de Peré que encontramos a melhor definição para a poesia de Denise Magalhães.
Agora, com a volta do Consórcio Literário “Oficina das Letras”, seria de bom alvitre, também, a volta dos escritores do primeiro momento. O consórcio não é, e creio que nunca chegará a ser, o único meio para se publicar livros, mas certamente que ajuda muito, criando condições e oportunidades para todos. Portanto, volta Denise!

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