segunda-feira, 8 de junho de 2009

POETAS & OSTRAS - Wander Cardoso


DÁRIO TEIXEIRA COTRIM

O poeta não precisa conhecer a língua pátria com necessária profundidade para ser um poeta, mas deverá saber respeitá-la e cultuá-la com a exatidão que o amor determina. Assim são os poetas, assim são os seus leitores e assim é que nasce a poesia livre, bela e comunicativa. Isso porque o poeta não se faz em bancos universitários e nem sequer por intermédio das insinuações futuristas do tempo senão através dele próprio. O homem só é poeta quando os seus gemidos de dor se confundem com a leveza harmônica da natureza. Também dizia o ilustre poeta Cornélio Pires, no seu O monturo, que “ser poeta é compreender os sentimentos alheiros e pelos outros sofrer!”.
O livro Poetas & Ostras, de Wender Cardoso, é profundamente típico do trabalho artesanal em voga. A poesia contida nos poemas do livro confunde-se com a magia da criação literária de quem quer lutar por seu espaço comum. Pois é assim que o autor – Wender Cardoso – descendente de uma tribo de bugres e portador de um distúrbio radial em ambos os braços encara com naturalidade a sua alma de poeta. Apesar de se ter declarado diferente em seus versos dolorosos ele é um romântico desembestado pela arte da criação afetiva. Disse numa parte do livro o dileto amigo Castelo Hanssen que o autor é engenhoso, criativo batalhador, pois sempre consegue o que deseja mesmo com todas as suas deficiências físicas.
Não poderia ser diferente em Poetas & Ostras, pois há um grito incontrolável de justiça social nos seus escritos. Os poemas de “Poetas e Ostras” a gente lê sempre e sempre tem a mesma vontade de lê-los outras vezes. Na verdade as mensagens aqui descritas servem mais para os olhos do que para os ouvidos. É assim porque a poesia não é cópia, mas serve de imagem para a realidade. Neste caso os nossos olhos têm a capacidade de conduzir essas imagens poéticas para dentro do coração. De fato, o que impele o artista ao sentimento de sua obra, senão a necessidade de se projetar para além de suas contingências?
Notamos que a liberdade de pensamento começa exatamente por onde acentua o espírito brincalhão do poeta. Confesso que nas minhas convicções, há tempo esta pequena reflexão literária sobre o livro Poetas & Ostras, já havia sido produzida e sem nenhum propósito de criar conceitos ou juízo crítico. O meu propósito não é outro senão o de tentar mostrar o ser humano que é Wender Cardoso. Entretanto, reduzidas todas as deficiências gramaticais do livro, podemos ainda concluir que ele está acima dos conceitos utilizados nas análises literárias. O exemplo de perseverança, de amor e de determinação naquilo que faz é muito forte e certamente abala os brios daqueles que esperam o momento acontecer.
Poetas & Ostras é um ótimo exemplo a ser seguido por muitos. Quando a sociedade se cala diante de um problema o silêncio das palavras deixa de existir. Como já havia afirmado anteriormente, no livro Poetas & Ostras há, pois, um grito incontrolável de justiça social nos seus escritos. Talvez isso possa explicar o sentido de sua poesia. Na falta dos membros superiores perfeitos a palavra mágica, contundente, agressiva e ao mesmo tempo amorosa. E isso obriga a pensar: como evoluiu, como humanizou o conceito de poeta nos nossos dias, porque a poesias é testemunha da plenitude e não da derrota, da incapacidade e da tristeza. Meu preclaro poeta Wender Cardoso, o seu livro Poetas & Ostras é tratado com carinho e tem lugar especial em minha biblioteca. Parabéns!

Nenhum comentário:

Postar um comentário