Dário Teixeira Cotrim
Conheci pessoalmente o poeta José Pereira da Silva Neto. O Juca Silva Neto. O Silva Neto, poeta cordelista, e repentista nato na concepção da palavra. Tive poucas oportunidades de vê-lo num recital e muito menos a sorte de compartilhar com ele os momentos mais inusitados da poesia matuta. Lembro-me dele na Associação dos Repentistas e Poetas Populares do Norte de Minas. Ainda tenho dele em minha pequena biblioteca o livreto “Os Três Heróis do Sertão”, uma obra no estilo cordelista que tem a arte natural da poesia matuta e que nos transmite crenças e sabenças. Também este livro nos mostra o que a literatura de cordel de ontem e de hoje tem de melhor. Esta visão avultou ainda melhor nos dois livros seguintes: “JK Peixe-vivo” e “Se o homem tivesse rabo”.
Infelizmente, o Diário de Montes Claros publicava no dia três de agosto de 1983 a triste notícia: “Morte de Juca Poeta surpreende a cidade”. E, na vanguarda dos acontecimentos, quatro vozes num merecido elogio fúnebre fizeram registrar a morte do poeta Juca Silva Neto conforme anotamos a seguir:
Amelina Chaves, mulher extraordinária, amante das coisas simples e que sempre esteve ao lado dos mais humildes, tinha o poeta Juca Silva Neto como uma pessoa especial. Era ele um membro de sua família, um amigo de todas as horas e certamente das horas incertas. Disse ela que o “Juca era estouvado, às vezes agressivo, mas amigo de todas as horas, um matuto autêntico, que apesar de conviver nos grandes meios nunca perdeu as características do sertanejo nato, que ama a sua terra e seus costumes”. Ainda com o apoio carinhoso da acadêmica Amelina Chaves, o poeta Juca Silva Neto publicava os seus poemas na revista Kathedrá, da Academia Juvenil de Letras.
Por sua vez, escreveu a experiente e dinâmica jornalista Raquel Mendonça que “a vida ou a morte brinca de roubar de nós a voz e a inspiração. Desta vez levando um homem simples, matuto, vivaz – puro quanto o povo, mas que não se deixava enganar”. Era, por assim dizer, o lado mais forte do poeta, mas que tinha o coração contaminado pela bondade o que deve ter sido por isso mesmo que no momento mais preciso ele não teve forças de reagir. E foi assim, Silva Neto se despediu dos amigos...
Na seqüência das homenagens encontramos no Jornal de Montes Claros, de 14 de agosto de 1983 o texto: O Silêncio do Verso, de Edson Ferreira Andrade. “Hoje silencia-se o verso. Não há poesia no ar e o repente brota em lágrimas. Perdemos um autodidata da cultura popular. Um aliado da arte da boca do povo. Um cordelista militante. Um poeta... Perdemos, acima de tudo, um ser humano puro, autêntico, bom, bem intencionado e exemplo maior de paixão pela vida”.
Completando o quarteto dos elogios fúnebres sobre a morte de José Pereira da Silva Neto, transcrevemos para cá o que disse o grande historiador montesclarense Haroldo Lívio de Oliveira. “Juca, neto de Juca Jatobá – Juca era um poeta do povo, de ortografia capenga, é verdade, mas, este sintoma de baixa escolaridade não o desqualificou como artista brotado do chão de nossa terra, porque sua arte singela de versejar para as multidões foi reconhecida oficialmente como manifestação legitima da cultura popular”.
Em reconhecimento aos trabalhos literários e artísticos deste grande homem da cultura e do povo foi que a Biblioteca Pública Municipal “Antônio Teixeira de Carvalho” (Doutor Santos) instituiu para os seus usuários o Painel Permanente de Poesias “Juca Silva Neto”. Portanto, todos os trabalhos apresentados neste painel, durante o ano de 2009, serão selecionados para a confecção de uma antologia. A idéia se baseia tão somente na intenção de homenagear o poeta Juca Silva Neto. Na verdade, é o mínimo que podemos fazer para reverenciar o seu nome e, ao mesmo tempo, resgatar a memória deste poeta do povo e colocá-lo no lugar de seu merecimento com todas as honras e glórias.
Conheci pessoalmente o poeta José Pereira da Silva Neto. O Juca Silva Neto. O Silva Neto, poeta cordelista, e repentista nato na concepção da palavra. Tive poucas oportunidades de vê-lo num recital e muito menos a sorte de compartilhar com ele os momentos mais inusitados da poesia matuta. Lembro-me dele na Associação dos Repentistas e Poetas Populares do Norte de Minas. Ainda tenho dele em minha pequena biblioteca o livreto “Os Três Heróis do Sertão”, uma obra no estilo cordelista que tem a arte natural da poesia matuta e que nos transmite crenças e sabenças. Também este livro nos mostra o que a literatura de cordel de ontem e de hoje tem de melhor. Esta visão avultou ainda melhor nos dois livros seguintes: “JK Peixe-vivo” e “Se o homem tivesse rabo”.
Infelizmente, o Diário de Montes Claros publicava no dia três de agosto de 1983 a triste notícia: “Morte de Juca Poeta surpreende a cidade”. E, na vanguarda dos acontecimentos, quatro vozes num merecido elogio fúnebre fizeram registrar a morte do poeta Juca Silva Neto conforme anotamos a seguir:
Amelina Chaves, mulher extraordinária, amante das coisas simples e que sempre esteve ao lado dos mais humildes, tinha o poeta Juca Silva Neto como uma pessoa especial. Era ele um membro de sua família, um amigo de todas as horas e certamente das horas incertas. Disse ela que o “Juca era estouvado, às vezes agressivo, mas amigo de todas as horas, um matuto autêntico, que apesar de conviver nos grandes meios nunca perdeu as características do sertanejo nato, que ama a sua terra e seus costumes”. Ainda com o apoio carinhoso da acadêmica Amelina Chaves, o poeta Juca Silva Neto publicava os seus poemas na revista Kathedrá, da Academia Juvenil de Letras.
Por sua vez, escreveu a experiente e dinâmica jornalista Raquel Mendonça que “a vida ou a morte brinca de roubar de nós a voz e a inspiração. Desta vez levando um homem simples, matuto, vivaz – puro quanto o povo, mas que não se deixava enganar”. Era, por assim dizer, o lado mais forte do poeta, mas que tinha o coração contaminado pela bondade o que deve ter sido por isso mesmo que no momento mais preciso ele não teve forças de reagir. E foi assim, Silva Neto se despediu dos amigos...
Na seqüência das homenagens encontramos no Jornal de Montes Claros, de 14 de agosto de 1983 o texto: O Silêncio do Verso, de Edson Ferreira Andrade. “Hoje silencia-se o verso. Não há poesia no ar e o repente brota em lágrimas. Perdemos um autodidata da cultura popular. Um aliado da arte da boca do povo. Um cordelista militante. Um poeta... Perdemos, acima de tudo, um ser humano puro, autêntico, bom, bem intencionado e exemplo maior de paixão pela vida”.
Completando o quarteto dos elogios fúnebres sobre a morte de José Pereira da Silva Neto, transcrevemos para cá o que disse o grande historiador montesclarense Haroldo Lívio de Oliveira. “Juca, neto de Juca Jatobá – Juca era um poeta do povo, de ortografia capenga, é verdade, mas, este sintoma de baixa escolaridade não o desqualificou como artista brotado do chão de nossa terra, porque sua arte singela de versejar para as multidões foi reconhecida oficialmente como manifestação legitima da cultura popular”.
Em reconhecimento aos trabalhos literários e artísticos deste grande homem da cultura e do povo foi que a Biblioteca Pública Municipal “Antônio Teixeira de Carvalho” (Doutor Santos) instituiu para os seus usuários o Painel Permanente de Poesias “Juca Silva Neto”. Portanto, todos os trabalhos apresentados neste painel, durante o ano de 2009, serão selecionados para a confecção de uma antologia. A idéia se baseia tão somente na intenção de homenagear o poeta Juca Silva Neto. Na verdade, é o mínimo que podemos fazer para reverenciar o seu nome e, ao mesmo tempo, resgatar a memória deste poeta do povo e colocá-lo no lugar de seu merecimento com todas as honras e glórias.
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