Dário Teixeira Cotrim
Terminei a leitura do livro “A Doce Filha do Juiz”, de Alberto Deodato. Um belíssimo romance que trata com minudência os costumes e as tradições do povo sertanejo. Não obstante a existência da vila de São José do Gorutuba, a dramatização aconteceu na imaginária cidade de Gorutuba (acredita-se ser a cidade de Rio Pardo de Minas), no século passado, quando o autor era Promotor de Justiça na comarca daquela cidade. No livro ele cita o rio Preto, informando-nos que o mesmo corre paralelo a uma ruazinha da cidade onde os tropeiros arranchavam-se para o descanso das longas viagens. Ali os tropeiros falavam dos causos acontecidos nas veredas do grande sertão de João Guimarães Rosa. Falavam “das assombrações do Urucuya, do phantasma da cruz do Ribeirão, das sezões do Jequitahy e da tentação da cabocla brejeira que mora no Rancho, á beira de um riacho, p’ra lá da ponte velha, cujos olhos pretos pegam que nem visgo e os beijos sabem a sapoti”. Então, não seria o famoso Rancho da Lua aqui mesmo no Brejo das Almas? Não. Não sei!
Dr. Alberto Deodato Maria Barreto nasceu no ano de 1896, em Maroim, Estado de Sergipe. Formou-se em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, em 1919. Foi promotor de Justiça na cidade de Pouso Alto e, também, na centenária cidade de Rio Pardo de Minas. Publicou, entre outros, os seguintes livros: "Senzalas" (contos - 1919); "Canaviais" (contos - 1921) e a "Doce Filha do Juiz" (romance - 1929). O seu livro "Canaviais” recebeu o primeiro prêmio da Academia Brasileira de Letras e o romance “A Doce Filha do Juiz”, também mereceu uma menção honrosa da mesma Academia de Letras. Também publicou três peças para o teatro: “Flor Tapuia” (opereta-1919), “A Pensão de Nicota” (comédia-1920) e “Um Bacharel em Apuros” (comédia-1924).
Repito, é um belíssimo romance o livro “A Doce Filha do Juiz”. Descreve o autor a história da jovem Maria Helena que tinha “no jambo das faces, na jaboticaba dos olhos e na pitanga da boca”. Além do mais a formosura do corpo junta-lhe a beleza da alma. Lembra-nos a descrição do ilustre acadêmico José de Alencar sobre a sua doce e bela Iracema, “a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira”. Esta visão de Alberto Deodato em valorizar os encantos da mulher e com pinceladas sobre as inspirações telúricas nos ambientes humílimos, avultou ainda mais os seus conhecimentos sobre a região norte-mineira, mostrando-nos e, também para alhures, o que há de melhor na literatura regionalista mineira. Não lhe bastasse fantasiar nomes de pessoas e de lugares para que ficasse no anonimato o drama amoroso da bela Maria Helena com o jovem João Lúcio. Foi por isso mesmo que o autor procurou fazer uma adaptação da linguagem ao tema, com descrições aos aspectos da vida real dos demais personagens, e sem prejuízo aos fatos que rodeiam a essência da história.
O povo de Rio Pardo de Minas – ou da imaginária Gorutuba do poeta – tem um carinho muito especial por Alberto Deodato. Residimos por mais de quatro anos naquela encantadora cidade, oportunidade que tivemos de ouvir dos mais velhos as histórias emocionantes dos bons tempos que o doutor Deodato esteve ali como Promotor de Justiça. Mais de uma vez o confrade do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, o doutor Paulo Costa nos contava, embevecido de orgulho, essa empolgante história de amor. De outras vezes, ouvimos com atenção redobrada do ilustre cônego Newton Caetano d’Ângelis essa mesma história de amor. Ora, certamente que há um suave e doce mistério em tudo isso. Ainda fazem parte de sua bibliografia os seguintes livros: “Manual de Ciências das Finanças” e “Políticos e outros bichos domésticos” que são duas excelentes obras do autor de grande sucesso nos meios acadêmicos. Finalizando, expresso aqui o que disse o mestre Deodato e repetido pelo historiador doutor Simeão Ribeiro Pires: “O Brasil é um Gorutuba muito grande...”.
Terminei a leitura do livro “A Doce Filha do Juiz”, de Alberto Deodato. Um belíssimo romance que trata com minudência os costumes e as tradições do povo sertanejo. Não obstante a existência da vila de São José do Gorutuba, a dramatização aconteceu na imaginária cidade de Gorutuba (acredita-se ser a cidade de Rio Pardo de Minas), no século passado, quando o autor era Promotor de Justiça na comarca daquela cidade. No livro ele cita o rio Preto, informando-nos que o mesmo corre paralelo a uma ruazinha da cidade onde os tropeiros arranchavam-se para o descanso das longas viagens. Ali os tropeiros falavam dos causos acontecidos nas veredas do grande sertão de João Guimarães Rosa. Falavam “das assombrações do Urucuya, do phantasma da cruz do Ribeirão, das sezões do Jequitahy e da tentação da cabocla brejeira que mora no Rancho, á beira de um riacho, p’ra lá da ponte velha, cujos olhos pretos pegam que nem visgo e os beijos sabem a sapoti”. Então, não seria o famoso Rancho da Lua aqui mesmo no Brejo das Almas? Não. Não sei!
Dr. Alberto Deodato Maria Barreto nasceu no ano de 1896, em Maroim, Estado de Sergipe. Formou-se em Direito pela Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais do Rio de Janeiro, em 1919. Foi promotor de Justiça na cidade de Pouso Alto e, também, na centenária cidade de Rio Pardo de Minas. Publicou, entre outros, os seguintes livros: "Senzalas" (contos - 1919); "Canaviais" (contos - 1921) e a "Doce Filha do Juiz" (romance - 1929). O seu livro "Canaviais” recebeu o primeiro prêmio da Academia Brasileira de Letras e o romance “A Doce Filha do Juiz”, também mereceu uma menção honrosa da mesma Academia de Letras. Também publicou três peças para o teatro: “Flor Tapuia” (opereta-1919), “A Pensão de Nicota” (comédia-1920) e “Um Bacharel em Apuros” (comédia-1924).
Repito, é um belíssimo romance o livro “A Doce Filha do Juiz”. Descreve o autor a história da jovem Maria Helena que tinha “no jambo das faces, na jaboticaba dos olhos e na pitanga da boca”. Além do mais a formosura do corpo junta-lhe a beleza da alma. Lembra-nos a descrição do ilustre acadêmico José de Alencar sobre a sua doce e bela Iracema, “a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira”. Esta visão de Alberto Deodato em valorizar os encantos da mulher e com pinceladas sobre as inspirações telúricas nos ambientes humílimos, avultou ainda mais os seus conhecimentos sobre a região norte-mineira, mostrando-nos e, também para alhures, o que há de melhor na literatura regionalista mineira. Não lhe bastasse fantasiar nomes de pessoas e de lugares para que ficasse no anonimato o drama amoroso da bela Maria Helena com o jovem João Lúcio. Foi por isso mesmo que o autor procurou fazer uma adaptação da linguagem ao tema, com descrições aos aspectos da vida real dos demais personagens, e sem prejuízo aos fatos que rodeiam a essência da história.
O povo de Rio Pardo de Minas – ou da imaginária Gorutuba do poeta – tem um carinho muito especial por Alberto Deodato. Residimos por mais de quatro anos naquela encantadora cidade, oportunidade que tivemos de ouvir dos mais velhos as histórias emocionantes dos bons tempos que o doutor Deodato esteve ali como Promotor de Justiça. Mais de uma vez o confrade do Instituto Histórico e Geográfico de Montes Claros, o doutor Paulo Costa nos contava, embevecido de orgulho, essa empolgante história de amor. De outras vezes, ouvimos com atenção redobrada do ilustre cônego Newton Caetano d’Ângelis essa mesma história de amor. Ora, certamente que há um suave e doce mistério em tudo isso. Ainda fazem parte de sua bibliografia os seguintes livros: “Manual de Ciências das Finanças” e “Políticos e outros bichos domésticos” que são duas excelentes obras do autor de grande sucesso nos meios acadêmicos. Finalizando, expresso aqui o que disse o mestre Deodato e repetido pelo historiador doutor Simeão Ribeiro Pires: “O Brasil é um Gorutuba muito grande...”.
Tenho um cartão de visita de Antonio Campos de Oliveira (em Salvador, BA) parabenizando Maria Helena, filha de Alberto Deodato, pelo seu natalício, datado de 16/04/1966. Galileu Coelho (Face)
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