segunda-feira, 8 de junho de 2009

MONTE AZUL, RETRATOS E RELATOS DO TREMEDAL - Maria da Glória Feliciano


DÁRIO TEIXEIRA COTRIM

Existem dois momentos na história da cidade de Monte Azul: o primeiro foi quando o historiador Antonino da Silva Neves, buscando inspiração no doutor Moreira Pinto, fez os primeiros rabiscos da Corografia do Município de Boa Vista do Tremedal no conforto da fazenda de Sant’Ana, isso no ano de 1906. E, o segundo momento é este que estamos compartilhando com a nossa confreira Maria da Glória Feliciano pelo lançamento do seu influente livro Monte Azul, retratos e relatos do Tremedal. O livro traz o selo da editora Unimontes e prefácio do escritor-contista Ildeu Braúna, que inicia da seguinte forma: “mesmo sem ter a pretensão de ser historiadora como a própria autora confessa, não se pode negar a importância e o valor deste livro para a memória do Norte de Minas e, em especial, para Monte Azul” concluiu o prefaciador da obra.
O trabalho de pesquisa requer muita paciência, abnegação e dias, noites e mais noites de estudos. No livro Monte Azul, retratos e relatos do Tremedal a historiadora Maria da Glória Feliciano expende numa linguagem simples, com estilo translúcido o que lhe é peculiar. Ela faz uma meritória dissertação sobre a cidade de Monte Azul e região, apresentando os seus casarios e a sua gente com os seus costumes e as suas tradições. O livro de Maria da Glória “é um encantador celeiro de informações sobre coisas, lugares e pessoas – no dizer de Wanderlino Arruda – um maravilhoso conjunto de ilustrações de um compreensível carinho por tudo que a história de Monte Azul registra em tempos de antanho e em tempos modernos”. Portanto, o magnífico enredo do livro sobre a cidade de Monte Azul é uma confirmação dessa assertiva.
E mais, Boa Vista do Tremedal é a terra do coronel Levy Souza e Silva, a quem eu tive a sorte de conhecê-lo pessoalmente sem ao menos lhe dirigir alguma palavra (1969). Podemos dizer também que o coronel Levy tem a cara de sua Tremedal. Tem-se, pois, neste livro, mediante estudo de pesquisa, o resgate do tempo em que os coronéis faziam a história na labuta do dia a dia. Ainda, assim, há o resgate político, econômico e administrativo do município e, mais ainda, o da religiosidade que completa a essência de sua interessante escrita.
Neste livro a sua autora adquire de um passaporte válido para ingressar nas melhores Academias de História no país, pois ele nos proporciona uma belíssima visão panorâmica da sua cidade, isso desde o correr dos primeiros séculos das braburas de Maria Rosária, até a bonança dos dias atuais. Para a confecção desta obra é interessante salientar que a sua autora levou muitos anos a recolher e selecionar, com proveito, um copioso material de pesquisa. O seu livro-documento é um trabalho abundantemente ilustrado com dezenas de fotografias antigas e de alguns desenhos e é, ao mesmo tempo, uma contribuição ao melhor conhecimento da primeira história da Vila da Boa Vista do Tremedal, quando ainda era uma região pantanosa e lamacenta e, agora, a simpática cidade de Monte Azul, o coração robusto do polígono das secas.
Disse-me, certa vez, a ilustre acadêmica professora Yvonne de Oliveira Silveira, nestes seguintes termos: “como são felizes as cidades que possuem um filho que a ama e admira o seu passado, conseguindo perpetuá-las na História”. Como se vê, a cidade de Monte Azul deve de estar feliz neste momento. Também o seu povo que pode muito bem orgulhar-se de possuir uma memória-histórica tão bem escrita como esta de Maria da Glória Feliciano. Uma só memória-histórica? Não! Pois são duas as memórias-históricas: A Corografia do Município da Boa Vista do Tremedal, de Antonino da Silva Neves e Monte Azul, retratos e relatos do Tremedal. Parabéns Maria da Glória Feliciano!

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