segunda-feira, 8 de junho de 2009

FONTE DOS SUSPIROS - Geraldo Freire


Dário Teixeira Cotrim

Revendo os meus preciosos livros, aqueles existentes nas prateleiras destinadas aos autores montes-clarenses, subtrair dali um exemplar que há muito eu desejava ler. Trata-se do livro de poemas intitulado a Fonte dos Suspiros, do poeta Geraldo Freire. E nessa busca incessante da beleza poética é que acabo de fazer a leitura dessa influente obra literária. Pode-se dizer com bastante convicção que se trata de uma belíssima coletânea de poemas românticos e também de outros escritos que reúnem preocupações formais e humanísticas. Este livro é mais uma publicação dos Irmãos PONGETTI – Editores, do Rio de Janeiro, do ano de 1957, ano em que se comemorou o centenário de nossa querida Montes Claros.
Os poemas da Fonte dos Suspiros fizeram me lembrar os poetas brasileiros da fase pós-romântica. Pois nele há um momento oscilante entre o parnasianismo, o simbolismo e até mesmo o modernismo. Portanto, é perfeitamente aceitável esse fascínio dos achados verbais no versejar de suas palavras, uma vez que os poetas procuram em livros de épocas diferentes o entendimento das escolas literárias para edificar os seus conceitos e as suas idéias. É certo que o poeta Geraldo Freire versejou com espantosa versatilidade, e com uma grande riqueza de imaginação. Assim, ele ainda despertou carinho e afeição nos seus confrades da Academia Montesclarense de Letras pelo magnífico trabalho publicado.
Nas reflexões de Folhas Soltas, “as que se perderão, logo, na voragem do vento e na memória dos homens...” conforme palavras do próprio Geraldo Freire, nos seus poemas nós encontramos a sua musa simples e bela, cândida e perfeita, e na evocação do seu estro a eternidade do seu grande amor. Assim como aconteceu com Geraldo Avelar (Asas Quebradas), Olyntho Alves da Silveira (Contos Chorados), José Rametta Santos (Poesias) e tantos outros monstros da nossa literatura, o nosso poeta sobreviveu a um temporal de paixão na razão de gerar pretensões recíprocas ou pelos menos correlatas. Por isso podemos afirmar que a obra de Geraldo Freire é de uma excelsitude que o coloca entre os melhores dos poetas românticos de Montes Claros. Agora nada é mais meritório e oportuno do que a divulgação deste belíssimo livro. Aliás, isso já deveria estar acontecendo há muito mais tempo, nas escolas públicas e nas entidades sociais e culturais, para que possamos preservar na aldeia de nossa existência a memória dos nossos autores. Não duvido da justiça de posteridade, mas ela anda sempre atrasada com os seus deveres de casa.
Geraldo Freire se dizia honrado em colaborar nas homenagens do centenário de Montes Claros. Isto é um fato. Mas, por ocasião desse auspicioso acontecimento – ele ainda afirmava que: “aqui estou com a minha pequena parcela de contribuição”. Sem dúvida que o livro imortaliza o homem. E é por isso que, já passados cinco décadas, nós ainda estamos falando de Geraldo Freire. O poeta se foi, mas o sua obra permanece cá entre nós, sempre viva e atraente e, com ela, a alma do autor a gozar de momentos únicos no seio de nossa comunidade. Na inutilidade do tempo ele veio para viver... depois amar.... para sofrer... depois... morrer!... Pois bem, aqui ele utilizou do linossigno, uma nova unidade compositiva que não obedece mais às regras da versificação. Freire foi também um modernismo.
O livro a Fonte dos Suspiros contem de poemas clássicos o soneto. Forma poética utilizada em exaustão na idade média e propagada até os tempos atuais. Poder-se-ia dizer ainda que Freire soubesse explorar a linguagem simples do seu povo, sem metáforas e sem o ilusionismo da imaginação poética, ele construiu poemas de amor sem silenciar a gula dos que amam. Como já foi dito e repetido, a Fonte dos Suspiros, em última análise, é o enaltecimento que todos os poetas desejam um dia.

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